Relator do processo que pode resultar na cassação do mandato de João Emanuel (PSD), o vereador Ricardo Saad, (PSDB) disse não temer a opinião pública e já ter decisão tomada sobre o caso. “Na minha idade já dá pra discernir o que é certo e errado. Lógico que todo político teme a opinião pública. Mas com o tempo o povo esquece e o que estou pensando é no prejuízo que esta Casa teve e a imagem negativa que ficou. Tem que dar um basta nisso. Eu já sei o que vou fazer, como relator não posso declarar o meu voto, mas a minha consciência é independente do relatório e da prisão” declarou.
Saad disse que os novos detalhes apresentados pelo MP irão gerar um novo processo. “Parte das provas foi fornecido pelo MPE, no vídeo que desencadeou a investigação. Agora é outro momento, estamos analisando a parte política dentro da câmara, que é a quebra de decoro. Disto é o relatório”.
O vereador explica os fundamentos do seu relatório. “O nosso relatório se baseia na representação feita pela ONG Moral e no vídeo, mas na verdade a coisa está sendo política. Porque se eu fosse esperar uma decisão da Justiça, pode passar muito tempo. Eu tenho que tomar uma atitude aqui e não esperar o desfecho da Justiça, porque a parte política não tem nada a ver com isso. Iremos nos basear na fala do João Emanuel no vídeo”.
O parlamentar acredita que o relatório pode influenciar na votação de alguns vereadores. “Se tinha alguém estava mais tendencioso a votar pela cassação, provavelmente, depois deste episódio, vai pesar muito tomar uma decisão favorável”.
INFLUÊNCIA
Já o presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara de Cuiabá, vereador Toninho de Souza (PSD), acredita que a prisão do vereador João Emanuel (PSD) pode influenciar o voto dos parlamentares no processo de cassação em plenário. No entanto, destaca que não haverá nenhuma mudança no curso do processo de cassação, no âmbito da comissão.“A decretação da prisão é um objeto importante que constará no relatório final da comissão, isso é garantido por mim. Agora, isso não irá apressar o trabalho, que segue seu curso normal".
Toninho destaca que os fatos novos, tornados públicos com o oferecimento da denúncia por parte dos promotores, chegam ao conhecimento dos vereadores que decidirão o futuro político do social democrata. "Reconheço que a prisão, possa interferir no voto dos vereadores em plenário, mais ela não pode interferir no resultado da comissão. É certo que nós aproveitamos vários documentos do Ministério Público e posso garantir também que a conclusão do relatório do MP será juntado".
O presidente da CCJ garantiu que o trabalho está sendo feito dentro da mais absoluta legalidade. “Nós nunca permitimos que interferências externas viessem atrapalhar o nosso trabalho. Como por exemplo o João Emanuel , que é o acusado, tentou paralisar os nossos trabalhos, mas não conseguiu. Nós recorremos dessa liminar e garantimos a continuidade desse trabalho”.
De acordo com o parlamentar a Comissão de Ética tem um prazo estabelecido de 70 dias para conclusão e tem respeitado isso. “Nós já estamos na fase final desse relatório. O relator, vereador Ricardo Saad (PSDB), está preparando o seu relatório final. "Temos um prazo de até o dia 8 abril para entregar”.
Sobre os detalhes da investigação, como o fato de testemunhas terem afirmado que o próprio vereador foi pessoalmente ao cartório em Várzea Grande e em tese participou ativamente da falsificação de documentos, Toninho disse que a comissão já tinha conhecimento dos fatos pelo Ministério Público. “Nós já tínhamos conhecimento disso, isso já faz parte das nossas investigações".
Sobre uma eventual pressão, por pertencer ao mesmo partido de Emanuel, Toninho diz que sempre deixou claro que cumpriria o seu papel. “Sei que muita gente duvidou da minha postura, da nossa condução do trabalho. Disse em vários momentos que eu não aceitaria pré-julgamento. Tenho a minha consciência tranquila que eu fiz aquilo que é possível e em nenhum momento eu segui pressões externas”.
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