Sócio de Riva "investe" recursos suspeitos em Ferrari e Lamborghini

 

Altair Baggio, um dos sócios da Multimetal, empresa que a pedido de José Riva fechou um contrato de R$ 11,5 milhões com o Consórcio CR Almeida – Santa Bárbara, responsável pela implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), comprou uma Lamborghini Gallardo, carro esportivo que custa R$ 986,9 mil, e uma Ferrari 458 Itália, avaliada em R$ 1,078 milhão. Os veículos de luxo teriam sido objetos de financiamento quitados “antecipadamente”.

As informações estão presentes no inquérito da Polícia Federal utilizado pelo juíz da Sétima Vara Judiciária de Mato Grosso, Paulo César Sodré, que autorizou a deflagração nesta quarta-feira (9) da operação “Descarrilho”, que apura fraudes no processo de licitação para escolha do modal do VLT, além de sua implantação em Cuiabá e Várzea Grande. Além dos dois esportivos, um outro veículo de pouco mais de R$ 77 mil também foi adquirido. Baggio é apontado no documento como uma pessoa que movimentou valores “incompatíveis com seu patrimônio”.

“Altair Baggio é apontado pelo Relatório de Inteligência Financeira, como uma pessoa que movimentou quantias incompatíveis com seu patrimônio [...] O mesmo relatório de inteligência financeira, afirma que foi constatada a realização de financiamentos supostamente incompatíveis com a renda dele, ou seja, o financiamento de um veículo no valor de R$ 77.037,95; 05 operações de financiamento individuais quitadas antecipadamente, incluindo a aquisição de uma Ferrari 458 Itália e uma Lamborghini Gallardo”, diz trecho do inquérito.

De acordo com informações do inquérito, Baggio teria movimentado R$ 7 milhões entre janeiro de 2014 e maio de 2015. A empresa em que ele é sócio, a Multimetal, foi beneficiada com o contrato de R$ 11,5 milhões após indicação do ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso (AL-MT), José Riva (sem partido), que conversou com o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) para que a organização fosse uma das prestadores de serviço da CR Almeida – Santa Bárbara.

Investigações da Polícia Federal apontam que Riva, na verdade, era um sócio oculto da própria Multimetal, e que utilizou sua esposa, Janete Gomes Riva, como “testa de ferro” num contrato de gaveta - um tipo de acordo não oficial, celebrado apenas entre as partes, mas sem reconhecimento de nenhum órgão de controle -, em que ela figura como sócia. Segundo as investigações, a família Riva adquiriu 40% de participação da organização após o pagamento de R$ 3,5 milhões em 5 parcelas de R$ 700 mil entre os anos de 2010 e 2011.

Para os órgãos de controle, porém, os valores recebidos pela Multimetal podem superar os R$ 11,5 milhões. O inquérito aponta que, após quebra do sigilo bancário da empresa, foi identificada uma transferência de R$ 1,42 milhão feita pela CR Almeida à organização. A Polícia Federal suspeita que a movimentação pode ser um indício de lavagem de dinheiro.

“Há, portanto, fortes evidências que os pagamentos não se limitaram à quantia comprovadamente já recebida pela empresa. A forma de aquisição secreta, em tese, é um indicativo de uma possível lavagem de dinheiro ilícito relacionado às contratações irregulares de empresas nas obras relacionadas ao VLT”.