O café da manhã realizado pela vereadora Edna Sampaio (PT) na entrada da Câmara de Cuiabá, com a presença de diversos aliados e ativistas políticos, foi considerado uma forma de "pressão popular" para que ela voltasse ao Parlamento ainda nesta terça-feira (5). No entanto, tal estratégia não surtiu efeito porque o presidente do Legislativo Cuiabano, Chico 2000 (PL), só foi notificado da decisão pela manhã e a posse da parlamentar foi agendada para próxima quinta-feira (7).

Edna foi cassada por 20 votos em sessão realizada no dia 11 de outubro deste ano sob acusação de operar um esquema de "rachadinha" com a verba destinada à sua chefe de gabinete. No entanto, em 22 de novembro, uma decisão do juiz Agamenon Alcântara Moreno Júnior, da 3ª Vara Especializada da Fazenda Pública, anulou o Processo Administrativo Disciplinar (PAD) da Comissão de Ética, determinando o seu retorno à Câmara.

Mesmo "barrada", Edna Sampaio entrou no plenário de deliberações e entregou botões de rosas aos vereadores de Cuiabá. Durante a distribuição das flores, o suplente Robinson Cireia, que ocupou o assento durante a ausência da vereadora, estava no local. Nos últimos dias, Edna criticou o sindicalista por não dar continuidade às ações de seu mandato, assim como por não realizar a 3ª Semana da Consciência Negra no Parlamento. Vale lembrar que Cireia demitiu grande parte da equipe de Edna. Apesar disso, ambos negam qualquer atrito.

"Acredito que já fizemos o que viemos fazer aqui. Assumimos o nosso mandato. Agora, se o presidente da Casa entende, mesmo sabendo da decisão e mesmo com a Câmara sendo notificada pela Procuradoria, que ele ainda insiste em manter meu mandato interditado. Acho que cada um deve responder por suas ações", enfatizou Edna Sampaio.

RIVAL QUER NOVA CASSAÇÃO

O vereador Dilemário Alencar (Podemos), parlamentar que teve vários embates com Sampaio, também se pronunciou sobre o retorno dela. Ele sugeriu que a Câmara inicie um novo procedimento para avaliar a conduta de Edna na Casa de Leis.

"Na história da Câmara, nunca houve uma cassação unânime. No caso de Edna, não foi uma 'inteirona, ela se apropriou de 100% dos recursos destinados a uma mulher negra grávida demitida por ela. Espero que ela retorne sem atacar seus colegas. Ela deve se desculpar pela demissão dessa mulher negra e pelo uso inadequado dos recursos. Penso que a Câmara deveria abrir um novo procedimento, a fim de dar uma resposta à população sobre o grave erro cometido por Edna, e também considero que a Câmara deva recorrer ao Judiciário em relação a essa questão decadencial", afirmou Dilemário.