Vice-prefeito critica “grupelhos” em federação esquerdista e deixará PV

Luiz Alves/Secom

 

O vice-prefeito de Cuiabá, José Roberto Stopa (PV), criticou “grupelhos” dentro da Federação formada pelo PT, PC do B e PV, que teriam inviabilizado sua candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2022. Stopa chegou a ser cotado no pleito deste ano para disputar o Palácio Paiaguás, sede do Poder Executivo de Mato Grosso, e sinalizou que pode sair da agremiação, que ajudou a fundar.

Roberto Stopa esteve presente na coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (16), em Cuiabá, onde o prefeito Emanuel Pinheiro (MDB) apresentou um cronograma para a desativação do aterro sanitário. Ele conversou com jornalistas que cobriam o evento, e fez críticas à federação Brasil da Esperança, formada pelos partidos PT, PC do B e PV.

“Eu tomei uma decisão. Tenho conversado muito. Vou em Brasília conversar com o presidente nacional [do PV]. O PV é o meu partido de coração. Agora, tenho que trabalhar uma viabilidade futura. Eu tive um embate muito grande com a Federação. Eu sou contra esse sistema. Esse sistema desprestigia os dirigentes estaduais. É como se você definisse lá em cima e tivesse que engolir aqui embaixo. Eu sou extremamente contra. Agora nós vamos entrar nesse processo de discussão com o PT, com o PC do B e com o PV”, disse ele.

Na construção de sua candidatura ao Governo do Estado nas eleições de 2022, Stopa sofreu forte resistência de setores da federação, como o do deputado estadual, Lúdio Cabral (PT), a quem chegou a chamar de “moleque”, e também do diretor-geral da Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat), Reginaldo Araújo. A simpatia do presidente do Diretório Regional do PT em Mato Grosso, o deputado estadual Valdir Barranco, não foi suficiente para levar adiante o projeto ao Governo. Lúdio e Barranco estão em grupos opostos na agremiação petista.

Nesse sentido, Roberto Stopa criticou o que chamou de “polêmicas que existiram na eleição passada”, levantadas, segundo ele, por “vários grupelhos que ficam com discussões vazias”, sinalizando uma possível saída do PV.

“Na política eu acho que a gente tem que ser pró-ativo, ter proposta clara, dizer o que quer, e ir em frente. E não ficar numa discussão interna, naquela discussão de pequenos grupos rivais. Respeito muito o PT, é o partido do presidente Lula, é o partido do nosso futuro presidente. Mas a gente tem que ter uma discussão madura dentro dessa federação. Se for possível ter essa discussão madura não há problema nenhum. Se não for, obviamente, graças a Deus, eu já recebi vários convites. Vocês saberão em breve”, avisou o vice-prefeito.

Ao final da conversa com jornalistas, o vice-prefeito de Cuiabá aproveitou para mandar um “recado” às lideranças políticas da capital que pretendem disputar as eleições municipais de 2024.

“Eu sempre estive preparado, como estava preparado a ser candidato, a ser governador. Pode escrever o que eu estou falando hoje: onde eu estiver, e eu espero estar no PV, nós vamos ter, de novo, a maior bancada da câmara municipal [de Cuiabá]. Isso eu estou cuidando pessoalmente”.

Emanuel não concorda

O prefeito Emanuel Pinheiro (MDB), por sua vez, espera que o companheiro de jornada mude de ideia e permaneça em sua sigla. Segundo ele, Estopa construiu toda carreira dentro do PV e acredita que ele pode ainda ter uma conquista se trabalhar em sintonaia com a Federalção. "Eu acho que ele não deve sair do PV, porque o PV é uma conquista do Stopa. É um espaço que ele conquistou há 20 anos, ele é presidente do PV aqui, conquistou importante espaços na política municipal e estadual, em administrações publicas, contribuindo muito com a sociedade cuiabana e mato-grossense, graças ao trabalho do Estopa. Hoje o PV ta dentro de uma federação que elegeu o presidente da republica, então na minha opinião ele não pode abrir mão desse espaço, ao contrario, tem que trabalhar cada vez mais em sintonia com o PT e com o PCdoB e conseguir investimentos do Governo federal e ser o candidato desse grupo, ampliando o leque para a prefeitura da Capital, mas tudo isso é uma construção" disse.

O comandante do Executivo Municipal, já pensa inclusive em uma possível sucessão e tem o nome de Estopa como preferido para isso, mas reconhece que ainda precisará trabalhar o seu nome para tal feito. "De coração ele é o meu candidato. Agora, uma candidatura pra uma eleição majoritária precisa ser construída, não basta só a vontade do prefeito. Precisa ter toda ação conjunta de um grupo política e de toda sociedade, isso deve ser construído, e estamos conversando".