Política

Segunda-Feira, 09 de Junho de 2025, 12h40

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TRE suspeita que prefeito "maquiou" empréstimo de R$ 1,2 milhão em caixa 2

Magistrada mantem ação que pode cassar Alei em Sorriso

DIEGO FREDERICI

Da Redação

 

A juíza da 043ª Zona Eleitoral de Sorriso (420 Km de Cuiabá), Emanuelle Chiaradia Navarro Mano, negou um recurso (embargos de declaração) do prefeito Alei Fernandes (União), acusado de Caixa 2 e abuso de poder econômico nas eleições de 2024, em que saiu vitorioso. No recurso, Alei Fernandes e o vice Acácio Ambrosini (Republicanos) tentam desconstituir uma decisão anterior no processo que admitiu indícios de que teriam se beneficiado de R$ 1,2 milhão na campanha de 2024, valor que formaria um “Caixa 2”.

“Sustentam os embargantes a existência de obscuridade quanto ao momento da estabilização da demanda e de omissão quanto aos fundamentos legais que permitiriam a incorporação de documentos e fatos não mencionados na exordial, especialmente no que diz respeito ao alegado empréstimo de R$ 1.200.000,00 e demais desdobramentos apurados no inquérito policial”, alegam os políticos. Em decisão publicada nesta segunda-feira (9), a juíza da 043ª Zona Eleitoral de Sorriso não acatou os argumentos.

Ela explicou que os indícios de que o suposto empréstimo de R$ 1,2 milhão faria parte de um “Caixa 2” foram apontados num inquérito policial que investiga as irregularidades. “Os elementos posteriormente colacionados aos autos por meio do inquérito policial não inovam na estrutura fundamental da causa de pedir - que já se assentava nas alegações de abuso de poder econômico e utilização de recursos não contabilizados. Trata-se, portanto, de desdobramentos de fatos originalmente narrados, compatíveis com a linha de investigação proposta na exordial, conforme reconhecido na própria decisão de saneamento”, explicou a magistrada.

O suposto caso de “Caixa 2” na campanha de Alei Fernandes foi alvo da operação “Rustius”, que já teve duas fases deflagradas pela Polícia Federal - uma em dezembro de 2024 e outra no mês de maio de 2025. As investigações revelaram supostos diálogos entre o irmão do prefeito eleito, Gilson Fernandes, e um produtor rural, identificado como Nei Francio, suspeito de utilizar os próprios filhos como laranjas em doações não declaradas a Alei Fernandes.

Nei Francio foi flagrado transportando R$ 300 mil nas diligências da primeira fase da operação “Rustius”, em dezembro do ano passado, três dias antes das eleições municipais. O empresário e “piloto de rally”, Atílio Rovaris, teria dado a ordem para Nei buscar o dinheiro em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá.

Além de empresário, “piloto de rally” e suspeito de fazer parte de um esquema de “Caixa 2” nas eleições municipais de Sorriso, Atilio Rovaris ainda é conhecido por ser um dos maiores apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tendo doado ao político R$ 500 mil em 2022. Rovaris também é uma das pessoas que teve as contas bancárias bloqueadas em decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, por financiamento a atos golpistas de militares das Forças Armadas - aqueles que, de fato, estão por trás de Bolsonaro.

Alei Fernandes venceu a eleição municipal em Sorriso com 25.255 dos votos (51,33%) com o apoio do então prefeito Ari Lafin (PSDB). Leandro Damiani (MDB), que ficou em segundo lugar na disputa com 45,8% da preferência dos eleitores, move o processo contra Fernandes pelas suspeitas de “Caixa 2”.

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