Comemorado anualmente no segundo domingo do mês de maio no Brasil, o Dia das Mães é uma data marcada para celebrar o carinho e dedicação que as mães despendem seus filhos e famílias. No país, a comemoração foi oficialmente instituída em 1932, pelo ex-presidente Getúlio Vargas, mas existem registros dessa festividade ainda por volta da década de 1910.
Historicamente, nos Estados Unidos, a data foi criada por Anna Jarvis, filha da ativista Ann Jarvis, como uma forma de homenagear a mãe, falecida em 1905. A criação oficial aconteceu em 1914, por meio do presidente norte-americano Woodrow Wilson.
Existem várias formas de maternidades: mãe de nascença, mãe de coração, mãe que planejou, mãe ao acaso, mãe que é mãe e pai ao mesmo tempo, avó ou tia que é mãe, mas o mais importante é o afeto e o cuidado envolvidos. O encontrou histórias de mães contadas pelas filhas que juntas superaram adversidades e não vivem uma sem a outra.
Amor além do DNA
Foi às vésperas do Natal de 2002 que a estudante Karine Fernanda Dal Lago Vaz, 22, na época com um ano, encontrou o amor nos braços da mãe, a autônoma Adriana Dal Lago Barela Vaz, 49.
Karine foi adotada por Adriana e o esposo, em Tangará da Serra. Embora tenha nascido oficialmente no dia 04 de junho de 2001, ela e a família comemoram dois aniversários, o dia de seu nascimento e o dia do “cheguei em casa”, em 23 de dezembro de 2002.
“Não consigo imaginar minha vida sem minha mãe. Ela sempre fez de tudo por mim, para eu ter a melhor criação possível, com muito amor. Eu a amo mais do que posso mensurar, mesmo eu não tendo saído do útero dela, sinto que temos uma conexão muito forte de mãe e filha”, diz a jovem.
Dentre as lembranças mais marcantes que tem com a mãe estão o seu aniversário de 15 anos, em que Adriana organizou a festividade com muito carinho; quando viajou sozinha para outro estado e a mãe se emocionou por a ver crescendo e os piqueniques que organizava para ela, os irmãos e primos. “Era muito simples, mas todos amávamos”, lembra.
Mais que mãe e filha, "friends"
A assistente de marketing Gabriella Ferreira Fidelis, 24, e a mãe Esli Ferreira Fidelis, 52, não só dividem a mesma casa como também compartilharam por muito tempo os corredores e salas de aula da universidade. Gabi e Esli foram estudantes do curso de Publicidade e Propaganda da UFMT e Gabi formou-se recentemente, já a mãe ainda vai concluir a graduação.
“Minha mãe sempre quis se formar e sua primeira escolha foi Arquitetura na UFMT, mas ela não se adaptou muito bem e em 2018 entrou para Publicidade. Eu sempre quis fazer Comunicação Social, ficava dividida entre os cursos, mas decidi que queria fazer Publicidade antes dela, porque nossa família já trabalha com isso desde que me entendo por gente. A minha irmã Fernanda entrou primeiro em Radialismo, e, depois, a mãe fez o Enem de novo e passou antes de mim em Publicidade. Ela roubou minha ideia de curso”, conta aos risos.
Dois semestres depois, em 2019, Gabi entrou na faculdade e desde então fizeram todas as disciplinas do curso juntas. “Ela foi comigo na minha calourada e, inclusive, ajudou e presenciou eu ser pintada pelos meus veteranos. O engraçado é que ela ainda reclamou que eu tinha ido de branco e ia manchar minha camiseta e realmente manchou”, relembra.
Pegar ônibus juntas para ir à faculdade também fez parte da rotina das duas por um bom tempo e sempre fizeram os trabalhos acadêmicos juntas. “Ela ficava no meu pé para fazer a tarefa de casa, mas, por incrível que pareça eu ficava mais no pé dela, do que ela no meu. Quanto a gente fazia prova, estudávamos juntas também. Ela me dava as anotações dela e uma vez tirou nota mais alta que eu”, conta.
O dia da apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Gabi foi uma data emocionante para ambas, já que Esli teve muito orgulho da filha e se sentiu realizada enquanto mãe.
Doar a vida para cuidar da filha
Nem tudo na vida são flores e nos momentos difíceis, como quando a assistente social Karine Arruda Duarte, 23, ficou em coma na UTI, foi a mãe, a advogada Roberta de Arruda Chica, 48, quem deixou trabalho e tudo na vida para se dedicar integralmente aos cuidados com a saúde da filha.
No dia 13 de abril de 2022 Karine comemorou o aniversário da mãe, porém 3 dias depois, Roberta acordou e viu a filha convulsionando. A jovem foi levada ao hospital e intubada. Em meio a crise, os médicos acreditavam em morte cerebral. Contudo, 10 dias depois ela acordou, mas sem movimentos das pernas e com parcela de perda de memória.
“Eu tinha 21 anos, havia me formado em fevereiro, já tinha planos de vida e eu não estava entendendo o que estava acontecendo, um dia você tá bem e no outro dia você não tá”, recorda.
“Minha mãe cuidou literalmente de mim 100%. Ela comprou equipamentos de pressão, remédios e como ela é advogada teve que abdicar dessa parte do trabalho para cuidar de mim. Ela passou 24 horas comigo no hospital. Quando ela precisava resolver alguma coisa com urgência, minha avó vinha dar suporte para ela. Eu só tinha a minha mãe e a minha avó, mas principalmente a minha mãe”.
Karine ficou cerca de 120 dias internada e, em meio a situação, a mãe foi sua âncora. Cuidava das crises e intercorrências da filha, dava banho, levava ao banheiro e dormia por longos períodos em cadeira ao lado do leito da filha. Quando a jovem saiu do hospital, foi ela quem a ensinou a andar novamente com exercícios e suporte de andador.
Mesmo passando por momentos conturbados na vida pessoal, Roberta deixou os problemas de lado e focou em Karine, dando suporte em sua recuperação e na retomada de atividades básicas da vida, praticamente do zero.
“Ela estava ali comigo presente nesse momento de dificuldade, mesmo passando por coisas difíceis, estava me dando suporte mesmo ela não estando bem. Foi uma fase nada fácil, mas a gente conseguiu se abrir muito mais uma com a outra. Ela conseguia compartilhar as coisas e eu consegui compartilhar coisas da minha vida no meu momento mais vulnerável. Foi a minha mãe que estava ali para me dar suporte”.