Cuiabá é a capital brasileira onde proporcionalmente mais aumentou a mortalidade do câncer de mama. De acordo com um estudo da Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) de 1980 a 2010 houve um crescimento de 107% nas mortes por esse tipo de câncer, enquanto a população aumentou em aproximadamente 61% no mesmo período.
Um dos principais fatores para o aumento das mortes é o diagnóstico tardio, que reduz as chances de cura da paciente. Quando é descoberto nos primeiros estágios o câncer de mama tem 95% de chances de cura. Segundo o estudo, em 1980 o índice de mortes era de 6.6 a cada 100 mil mulheres e passou para 13.7 mortes para cada 100 mil, porém, apesar do aumento da incidência de câncer de mama, no ranking de capitais Cuiabá aparece em 12º, atrás de cidades como Campo Grande, Goiânia, Vitória, entre outras.
Mato Grosso é classificado pela SBM como estável por manter índices parecidos nos últimos anos. Esse tipo de câncer é o segundo mais frequente no mundo e tem maior incidência após os 40 anos, idade em que a mulher deve começar a fazer a mamografia, exame que utiliza o Raio-X para detectar corpos estranhos na mama.
Entre os fatores que podem contribuir com o aumento dos índices acima do crescimento populacional estão as mulheres que hoje preferem ter filhos mais tarde, a ingestão de agrotóxicos, piora na qualidade de vida e também a demora para o diagnóstico, que dificulta o tratamento e pode causar a morte.
O mastologista Kamil Fares explica que o fator hereditário é responsável pela minoria dos novos casos de câncer de mama. “Há 30 anos as mulheres tinham filhos mais cedo e a amamentação deixa as células mais resistentes às mutações, que são o que origina o câncer”.
Também já foi comprovado cientificamente que os agrotóxicos utilizados nas lavouras podem afetar o organismo e causar câncer de mama, principalmente nas regiões de plantio. Outro fator prejudicial é o alto consumo de carne vermelha, o que torna estados como o Rio Grande do Sul locais com grande incidência desse tipo de câncer.
“Nos últimos 30 anos tivemos uma migração intensa de pessoas que vieram da região Sul do país e que trouxeram essa cultura de comer muita carne vermelha, que é um dos motivos que contribuiu para esse aumento”,explica o médico.
Já para a presidente da MTmamma, Jusci Ribeiro a principal causa do aumento das mortes é a demora para o diagnóstico e também para o início do tratamento. “O índice de mortalidade é alto porque o diagnóstico é tardio. Se diagnosticado cedo, o câncer tem 95% de chances de cura, mas infelizmente para a maioria das mulheres essa descoberta não acontece precocemente”.