Cidades Quarta-Feira, 07 de Maio de 2014, 09h:09 | Atualizado:

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TRINCHEIRA DO SANTA ROSA

Relatório não prevê conclusão de obra e alerta risco de tragédia

 

GLÁUCIO NOGUEIRA
A Gazeta

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trincheira-santarosa

 

A Trincheira Santa Rosa, na avenida Miguel Sutil, não estará concluída até a Copa do Mundo e com a intenção da Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo de Mato Grosso (Secopa/MT), em liberar as pistas marginais, garantindo o acesso das delegações e dos dirigentes à Arena Pantanal, há um risco de que as 3 adutoras de água bruta, remanejadas por conta da obra, se rompam, a exemplo do que ocorreu, em julho do ano passado, na cidade do Rio de Janeiro, colocando em risco motoristas, pedestres e moradores do entorno da construção.

A informação faz parte de uma série de documentos que a reportagem teve acesso com exclusividade e que teriam sido apresentados em reuniões com diversos órgãos públicos de controle. Para entender a real situação da obra, iniciada em 2012, 2 engenheiros foram ouvidos e, sob condição de anonimato, explicaram cada detalhe da intervenção.O remanejamento das adutoras foi iniciado em meados de 2013, após a assinatura de um convênio entre a Secopa e a CAB Cuiabá, concessionária dos serviços de água e esgoto da Capital.

As 3 adutoras levam água bruta para as Estações de Tratamento (ETAs) Ribeirão do Lipa e São Sebastião, responsáveis pelo atendimento de 60% da população. O remanejamento, motivado pela escavação da trincheira, criou um “U” no trajeto das adutoras, contornando a trincheira. A nova rede foi concluída em novembro do ano passado.

De acordo com um dos engenheiros, pelo menos 2 problemas surgiram neste momento da intervenção, a existência de tirantes, vigas horizontais para garantir a sustentação do muro construído, e o rebaixamento da cota de pavimento onde passarão as pistas laterais da trincheira. Afirmação da CAB em uma das cartas alega que os serviços de implantação da trincheira foram iniciados sem a existência dos projetos executivos para remoção das interferências, fato que impossibilitou a compatibilização de todas as etapas de planejamento. “Isso é como você construir uma casa começando pelo telhado. Dificilmente dá certo”, afirma o profissional.

Com a colocação dos tirantes e o rebaixamento do pavimento em cerca de 80 centímetros, a CAB instalou a adutora, segundo ela, no único lugar possível, impossibilitando a cobertura mínima necessária para garantir a proteção dos canos. “O tráfego de veículos pode, de alguma forma, causar a movimentação destas adutoras e ocasionar a ruptura delas”.

Um acidente deste tipo, explica o engenheiro, poderia atingir grandes proporções. Uma estimativa, não confirmada pela concessionária, aponta que a pressão exercida no local é de aproximadamente 40 metros de coluna d’água (m.c.a.). Isso significa que, sem a canalização, a água atingiria aproximadamente 40 metros de altura, além de infiltrar em toda a região, podendo causar deslizamentos de terra e provocar o desmoronamento de edificações próximas ao local.

A gravidade da situação é citada pela CAB no mesmo documento encaminhado à Secopa. “Esta concessionária reitera que a mesma [Secopa] deve adotar medidas para a liberação de todas as vias, evitando o tráfego pesado nas vias laterais. Já foi apresentado anteriormente que, por medida de segurança, é prudente não haver a liberação da via lateral ao tráfego de veículos pesados, sem que esteja estabilizada a totalidade da cortina atirantada, uma vez que a instabilidade do solo coloca em risco a trincheira e as adutoras implantadas”.

PROTEÇÃO

Uma das soluções apresentadas para a solução do problema é a alteração na metodologia de proteção das adutoras, antes da conclusão da cota de pavimento. O trabalho incluiria a preparação de uma laje de concreto especial, conhecida como radier, “envelopando” as 3 adutoras. No entanto, a medida só poderia ser tomada após a conclusão dos muros atirantados e da drenagem, dando estabilidade à obra.

A atual situação da drenagem da obra causou a saturação, ou alagamento, do solo. “Qualquer profissional sabe que uma obra deste tipo não pode ser feita com o solo encharcado, como mostram as fotos tiradas do local”, destaca um dos engenheiros.Esta informação teria sido passada, inclusive, pela CAB Cuiabá ao Tribunal de Contas do Estado (TCE/MT), que cobrou celeridade das obras. A reunião, que teria contado com a presença de representantes da Secopa, não foi confirmada pela assessoria do TCE.

Em um dos documentos, a Secopa afirma que a compactação inadequada do solo ao redor das adutoras teria provocado uma série de deslizamentos no entorno da trincheira. Entre os documentos, a reportagem localizou um relatório técnico, assinado por 2 engenheiros, que afirma que os deslizamentos ocorreram pelo tipo de solo encontrado na trincheira, o filito.

Este é um solo que resiste bem à compressão e dá boa sustentação para obras de estrutura, desde que confinado. “Pelo que se mostra no relatório, o ângulo das placas é desfavorável ao corte para a trincheira, então ocorreram estas movimentações”. Para o engenheiro ouvido, o fato é mais uma prova de que apenas com a conclusão do muro e da drenagem será possível proteger as adutoras e, aí sim, concluir e inaugurar a obra.





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