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Apesar do grande índice de acidentes de navegação registrados nos últimos meses no Lago de Manso, região de Chapada dos Guimarães (65 km de Cuiabá), o local não é o que mais preocupa a Marinha do Brasil, que atua na fiscalização da área. Atualmente, há mais de 150 embarcações permanentes no local.
O capitão Alexandre Nonato explica que todo o espaço fluvial que diz respeito à Marinha requer preocupação. “Não tem como citar uma, independente de dados referentes a acidentes”, disse.
A região de Manso tem sido a mais badalada pela elite da Baixada Cuiabana. Finais de semana em meio ao lago, regado de bebidas e músicas, podem ser vistas em fotos de jovens espalhadas pelas redes socais.
Conforme Nonato, para evitar que tragédias possam acontecer, a fiscalização passa a ser mais enérgica no Manso. “Estamos todos os dias nos rios, no Manso também. Nossas ações em conjunto com a Segurança Pública são planejadas, não anunciamos a data”, lembra.
Assim como no trânsito, há blitz nos rios. A Marinha também realiza teste de bafômetros nos pilotos das embarcações. No ano passado, ninguém foi preso por isso.
Segundo o levantamento da Marinha, que atua em 65 municípios, Mato Grosso conta com mais de 25 mil embarcações registradas. “Dessas, levamos em consideração os mais de 17 mil amadores e mais de quatro mil profissionais. Só na delegacia de Cuiabá, são 12 mil inscritos”, explicou.
Só neste ano, já foram realizadas duas provas de habilitação para pessoas que desejam pilotar embarcações. O número, segundo Nonato, vem crescendo e por isso, o cuidado também deve ser redobrado. “É preciso aumentar a conscientização. Lá no Manso, a atividade é voltada para pessoas com um perfil diferenciado, pessoas que possuem grande acesso à informação. São diferentes nos rios de Barão de Melgaço, Santo Antônio e outros, onde a maioria da população é humilde”, disse.
Apesar disso, pilotar com segurança é um dever de todos. “É preciso se atentar ao uso de equipamentos de segurança, e também ao não consumo de bebidas alcoólicas. Quando se esquece disso, acaba colocando a vida em riso”.
Nonato classifica como fruto das fiscalizações, as mais de duas mil pessoas que procuraram a Marinha no último ano para regularizar suas embarcações. Segundo ele, foi 25% a mais que em 2013.
A jovem A.C., 23 anos, que já frequentou muitos finais de semana no Lago do Manso, contou as experiências, e quase todas envolviam bebidas alcoólicas e o consumo de drogas. “Eu ia sempre a convite de uma amiga, que também é amiga do dono de uma lancha. Geralmente passávamos o final de semana todo por lá, na casa dele. Enchíamos uma caixa térmica com bebidas, e íamos para o lago”, lembra.
Nesses momentos de diversão, segundo ela, ninguém usava colete salva-vidas e todos consumiam bebida. “Ninguém se atentava a isso, geralmente a lancha ficava parada no meio do lago, as meninas tomavam sol, os meninos conversavam”, recordou.
Apesar de ser uma atividade tranquila e típica de um final de semana, a jovem relata que o uso de entorpecentes era frequente. “Além de cerveja, vodka, whisky, sempre tinha um pouco de maconha, esctasy e até cocaína. Mas o mais comum era maconha”, disse.
Questionada se ela também fazia o consumo, ela responde que sim, mas de maneira “consciente”. Depois da morte de um colega nosso lá, acho que todo mundo ficou meio assustado. Infelizmente é com essas perdas que a gente reflete sobre a vida”, finalizou.
Cuiabano da Silva
Domingo, 18 de Janeiro de 2015, 21h11