A juíza da 4ª Vara Cível de Sinop (501 Km de Cuiabá), Giovana Pasqual de Mello, negou o pedido de recuperação judicial do grupo Caage Armazéns Gerais. Composto por outras cinco empresas - Agropecuária Santa Ltda, Beraldo Agropecuária, Ana Paula Carolo, Marcelo Luiz Carolo e Eleandro Beraldo -, a organização e seu proprietário, Eleandro Beraldo, são investigados num inquérito por apropriação indébita.
Segundo a decisão que negou o processamento da recuperação judicial, Beraldo teria estocado grãos de clientes em seus armazéns e se recusado a devolver as commodities. Ao menos 55 produtores rurais que prestaram depoimento à Polícia Judiciária Civil (PJC) disseram que foram lesados pelo empresário, que atua na região de Cláudia (568 Km de Cuiabá).
O grupo alega dívidas de R$ 450 milhões e o processo foi apresentado pelo advogado Euclides Ribeiro Santos. No pedido feito a Justiça, o grupo culpou a baixa do preço dos, juros de até 30% ao ano e a seca, que pode comprometer até 30% da safra 23/24.
A perícia contábil oriental a magistrada a negar o pedido de recuperação. “De acordo com os fatos do inquérito, diversos produtores depositaram grãos nos silos da autora Caage, mas o produto não pode ser retirado por quem os havia de direito, sendo que durante a instrução do processo criminal administrativo, foram ouvidos 55 declarantes, na qualidade de produtores rurais lesados pela conduta em voga”, diz trecho da decisão.
A juíza da 4ª Vara Cível de Sinop também asseverou que não poderia autorizar o processamento da recuperação judicial pois as empresas não cumpriram os requisitos exigidos pela legislação. “Cumpre anotar que foram consignadas distorções significativas quanto a situação patrimonial dos autores. A propósito, o parecer do perito, aduziu que, de modo geral, as demonstrações contábeis do grupo não refletem os numerários indicados na exordial, não estando comprovada a situação de crise, ante a incongruência dos registros referente a contabilidade dos autores”, analisou a magistrada.
Um balancete da organização do mês de julho de 2023 apontou um prejuízo da ordem de R$ 257,1 milhões. A empresa pode recorrer da decisão que negou o processamento da recuperação judicial.
O Grupo Caage tem atividades nos municípios de Cláudia e Primavera do Leste e atua no plantio de soja, milho e arroz e exploração de eucalipto.