Inês Gemilaki, produtora rural que responde pela invasão de uma casa e execução de dois idosos em Peixoto de Azevedo (674 Km de Cuiabá), “perdeu” sua caminhonete Ford Ranger CD (2020/2021) para a cooperativa Sicredi Norte. Ela não pagou um financiamento de R$ 134,8 mil com a instituição financeira e colocou o veículo como garantia no negócio.
Segundo uma ação de busca e apreensão movida pelo Sicredi Norte, a produtora rural tomou R$ 134,8 mil de empréstimo no ano de 2021 para pagamento em 8 parcelas de R$ 22,7 mil cada uma.
Desde fevereiro de 2024, entretanto, ela deu um “calote” na dívida, deixando de honrar seus compromissos. A Ford Ranger foi colocada como garantia por meio da alienação fiduciária, uma modalidade de “hipoteca”.
“Alega, em síntese, que concedeu à ré um financiamento no valor de R$ 134.800,00 para ser restituído por meio de 08 parcelas, iguais e sucessivas, no valor de R$ 22.681,70, com vencimento final em 06/08/2025, garantido por alienação fiduciária, celebrado em 11/08/2021”, diz a Sicredi.
Os autos ainda revelam que Inês Gemilaki sequer se defendeu no processo, sendo julgada à revelia. O juiz substituto João Zibordi Lara, que atua na 2ª Vara de Peixoto de Azevedo, analisou o pedido de busca e apreensão e concordou com a cooperativa em decisão publicada na última terça-feira (22).
“Sendo incontroversa a existência de prestações em aberto quando da propositura do feito (conforme a planilha de débitos juntada, o requerido encontra-se inadimplente desde a parcela vencida em fevereiro de 2024), incide o disposto no art. 2º, § 3º, do Decreto Lei n.º 911/69, que prevê que o inadimplemento das obrigações contratuais garantidas por alienação fiduciária faculta ao credor considerar o vencimento de todas as obrigações contratuais, dentre elas as vincendas”, concordou o magistrado.
À decisão ainda cabe recurso. O atentado capitaneado pela produtora rural chocou o Brasil e foi registrado por câmeras de monitoramento instaladas num imóvel de Peixoto de Azevedo, ganhando destaque nos meios de comunicação de abrangência nacional.
Foram mortos no ataque da família Gemilaki Rui Luiz Bogo, de 81 anos, e Pilson Pereira da Silva, de 69 anos. Eles participavam de uma confraternização na casa de Enerci Afonso Lavall, conhecido como “Polaco”, e supostamente o verdadeiro alvo dos atiradores.
Os crimes teriam sido motivados em razão de uma suposta dívida de aluguel cobrada por Polaco à Inês Gemilaki - o que confirma sua fama de “caloteira”. Além das vítimas fatais, um padre também foi baleado.
Câmeras de segurança registraram o momento da invasão, quando vidraças da residência foram quebradas após disparos dos atiradores, que também tentaram danificar as câmeras de segurança do imóvel com seus tiros.
A inscrição do médico Bruno Gemilaki Dal Poz, que ajudou a mãe no atentado, consta como “regular” no Conselho Federal de Medicina (CFM).
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Quinta-Feira, 24 de Abril de 2025, 08h08