Uma falha no sistema de propulsão pode ter sido a causa da queda do avião na Índia, afirmou Celso Faria de Sousa, engenheiro aeronáutico e perito criminal, em entrevista à edição de hoje do UOL News.
O Boeing 787-8 da Air India tinha como destino o aeroporto de Gatwick, em Londres. Cerca de cinco minutos após decolar do aeroporto internacional de Sardar Vallabhbhai Patel, no oeste da Índia, o avião caiu em uma área de prédios e atingiu uma pousada para médicos. Havia 242 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes. Não há indícios de sobreviventes.
“Por que entendemos que foi um problema de propulsão? No momento da decolagem, exige-se demais dos motores. Por isso, é preciso ter uma propulsão que te ajude a ganhar altitude, com os motores a pleno e desenvolvendo a maior potência possível. Depois que se está lá em cima, reduz-se [os motores]. No momento da decolagem, eles precisam estar funcionando muito bem.”
“Na decolagem, a aeronave começa a perder altitude e cai. Não a vemos girar, desviar ou perder a direção. Isso indica que o piloto ainda estava conseguindo manobrá-la, mas não tinha motor. Nesse momento, ele tem que escolher a área em que dá conta de colocar a aeronave de modo a causar menos dano global. Deve ter sido isso o que ele tentou fazer.”
“Pode ser algum problema de alimentação, mas não basta falhar uma bomba de combustível, e sim quatro. Perder as quatro bombas de combustível ao mesmo tempo é muito difícil e complicado, principalmente por haver bombas que são tocadas pelo próprio motor e outras elétricas. Então, quando se perde uma, há outras. É mais difícil elas falharem ao mesmo tempo do que haver um problema nos motores.”
“Ainda resta a pergunta: como ele perde os dois motores? Para fins de certificação, essa aeronave teve que demonstrar que pode decolar com um motor operante apenas.”
Celso Faria de Sousa, engenheiro aeronáutico e perito criminal
Para Sousa, dificilmente o acidente foi provocado por alguma falha de manutenção da aeronave, uma vez que a companhia aérea faz parte de um grupo de empresas que exige um rigoroso controle.
“Pode haver um acidente por causa mecânica agravada por falha humana, mas isso é extremamente raro. A Air India faz parte da Star Alliance, que não aceita qualquer empresa nos quadros. Eles fazem uma auditoria e a empresa em que ter um padrão mínimo tanto de manutenção como de pessoal, recebimento, atendimento em solo e despacho de bagagem.”
“Por isso, o pessoal da Air India não deve fazer uma manutenção inadequada. Ela deve ser de bom porte. Com o avançar das investigações, acabaremos vendo que foi uma soma de fatores que levou a esta queda.”
Celso Faria de Sousa, engenheiro aeronáutico e perito criminal