A Polícia Civil suspeita que o padrasto de Lucas da Silva Santos, de 19 anos, que morreu após consumir bolinhos supostamente envenenados, teria agido em razão de ciúmes. Lucas estaria perto de se mudar de casa após conhecer uma pessoa. O jovem teve morte encefálica no início da tarde de domingo, 20, conforme informou a Prefeitura de São Bernardo do Campo, município da Grande São Paulo. Ele foi internado sob suspeita de ter sido envenenado pelo padrasto, Admilson Ferreira dos Santos, com um bolinho de mandioca. O suspeito está preso desde a última quarta-feira, 16. O caso é investigado como tentativa de homicídio.
Lucas estava no Hospital de Urgência desde a madrugada do dia 12 de julho, em estado grave, no leito de terapia intensiva. A gestão municipal, por meio da Secretaria de Saúde, disse que "durante todo o período de internação, prestou a melhor assistência possível" ao jovem. Além disso, disse que a família de Lucas autorizou a doação de seus órgãos.
O envenenamento ainda não foi confirmado, e a prefeitura aguarda os resultados dos exames do Instituto Médico Legal (IML) para mais detalhes sobre o que provocou o quadro clínico.
Crime passional
A delegada Liliane Doretto, do 8° Distrito Policial de São Bernardo, afirmou que Lucas e o padrasto tinham uma relação próxima, mas que o jovem estaria perto de mudar de endereço após conhecer uma pessoa. "Isso acarreta, dispara algum alerta no Admilson de posse e acho que ele se viu desesperado ao ver que poderia perdê-lo", disse Liliane. Segundo a delegada, ele estava perturbado e confuso nos depoimentos que deu às autoridades. "As falas estavam tumultuadas com medo de perder o Lucas", afirmou.
Ainda de acordo com Liliane, existe a possibilidade de o padrasto estar apaixonado por Lucas. "Eu creio que seja um crime passional", citou. "Eu não sei se ele queria dar um susto ou evitar a ida do Lucas para outra cidade. Fato é que Lucas foi, sim, envenenado", destacou a delegada.
O pedido de prisão de Admilson ocorreu após contradições em depoimentos dados à investigação.
Uma outra suspeita de cometer o crime era a tia de Lucas, irmã de Admilson. O homem teria acusado a irmã de dar os bolinhos, e dito que ambos não tinham uma boa relação. A investigação, no entanto, não aponta para isso, conforme a delegada.
"O tempo todo ele tentou colocar a culpa na irmã, dizendo que ela ofereceu os bolinhos, mas não é verdade. Há áudios mostrando que foi ele quem pediu. É ele quem entrega os bolinhos pessoalmente para cada um da família". O Terra entrou em contato com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) para atualizações sobre o caso e aguarda retorno. A reportagem também tenta localizar a defesa de Admilson.