A venda de tadalafila no Brasil saltou de 3 milhões de unidades em 2015 para 64 milhões em 2024, atingindo um recorde. O levantamento da Anvisa, divulgado nesta sexta-feira (16) pelo g1, revela o crescimento expressivo do medicamento para disfunção erétil, que se tornou fenômeno nas redes sociais, especialmente entre jovens que o utilizam sem necessidade médica.
O aumento na comercialização da tadalafila está relacionado à disseminação de vídeos nas plataformas digitais, onde o remédio é conhecido como "tadala". Através das redes sociais, jovens relatam usar o medicamento antes de encontros ou mesmo diariamente, promovendo-o como forma de "turbinar" o desempenho sexual.
A facilidade de acesso contribui para o fenômeno, pois no Brasil não há necessidade de apresentação de receita médica para adquirir o produto. Farmácias brasileiras vendem dezenas de caixas diariamente, o que explica o volume recorde de comercialização registrado em 2024.
Disfunção erétil no Brasil
Aproximadamente 16 milhões de homens sofrem com disfunção erétil no Brasil, segundo estimativas de especialistas. A popularização da tadalafila ajudou pacientes a superarem o constrangimento de buscar tratamento médico, mas o crescimento nas vendas supera o aumento no número de diagnósticos da condição.
A Anvisa proibiu recentemente a comercialização da Metbala, produto em formato de goma que continha tadalafila. Os dados fornecidos pela agência contemplam apenas medicamentos produzidos por farmacêuticas, excluindo o mercado de manipulados, o que indica que o volume real de tadalafila em circulação no país pode ser ainda maior.
Nas redes sociais brasileiras circulam diversos mitos sobre os efeitos da tadalafila, incluindo falsas promessas de aumento do tamanho do órgão sexual masculino. Segundo especialistas, o tamanho médio do pênis do brasileiro, ereto, é de 13,12 centímetros, considerado normal, e a tadalafila não altera essas dimensões.
A Anvisa alerta para possíveis reações como dor de cabeça, dor nas costas, rubor facial, dores musculares, congestão nasal e indigestão. Em casos mais graves, pode ocorrer priapismo, perda de audição ou visão, queda de pressão arterial e eventos cardiovasculares. Segundo a revista científica Nature, há registro de um homem que desenvolveu neuropatia óptica isquêmica anterior e perdeu parte da visão após o uso do medicamento.