Opinião Terça-Feira, 18 de Fevereiro de 2014, 12h:11 | Atualizado:

Terça-Feira, 18 de Fevereiro de 2014, 12h:11 | Atualizado:

Paulo Lemos

Diretas no TJ/MT

 

Paulo Lemos

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

Paulo Lemos

 

Segundo a imprensa, o Presidente do TJ/MT, Desembargador Orlando Perri, promete pautar a PEC das Eleições Diretas no Judiciário Matogrossense, na sessão administrativa do próximo dia 20 (quinta-feira).

A ideia é que os juízes também participem da escolha da Presidência da Corte, e não apenas os excelentíssimos desembargadores.

Quem é a favor argumenta que isso vai superar a cultura coronelística e o palacianísmo que supostamente vigora no Judiciário, trazendo avanços para a primeira instância, que anda mal das pernas, estruturalmente falando, uma vez que as prioridades da Instituição deixarão de ser as de cúpula, que atendem preferencialmente os desejos e vontades dos 30 desembargadores, em detrimento de quase 300 juízes e outros servidores, fazendo com que a atividade jurisdicional seja mais célere e eficiente, portanto, próxima e a contento das legitimas expectativas do cidadão.

Quem é contra diz temer uma "politização" clientelista da escolha, onde promessas corporativistas dêem a tônica do processo, em prejuízo da sociedade, promovendo uma nefasta corrupção de prioridades, onde as reivindicações da carreira passem ser prioritariamente de aumento dos já rechonchudos subsídios (salários), bem acima da remuneração da esmagadora maioria dos jurisdicionados; ampliação das verbas indenizatórias (auxílio combustível, moradia, obra técnica e alimentação - faltando apenas o auxílio paletó), sem carecer prestar contas de um centavo sequer; promoções sem requisitos objetivos e extemporâneas, por exemplo, de membros ainda em estágio probatório e sem confirmação na carreira; benefício de tirar sessenta dias de férias por ano; entre outros privilégios não gozados pelos "reles mortais" jurisdicionados.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) disse em recente palestra (17/02/14) que: "o corporativismo tomou conta da máquina pública".

Não sou adepto da teoria do "Estado Mínimo" propagada pelo neoliberalismo. Contudo, não consigo discordar do fato de que o corporativismo tem se alastrado como uma peste, trazendo à tona uma das maiores epidemias corruptoras do plano ético que já tivemos.

Retomando a análise inicial, particularmente, vejo razão tanto na tese defensiva quanto na acusatória da "PEC das Diretas Já" no Judiciário.

As duas são cientificamente verificáveis aqui em Mato Grosso, dentro do Sistema de Justiça. Tais desmandos, crimes lesa-humanos, já foram responsáveis por fomentar nessas terras o sucateamento e até a dissolução de continuidade de serviços essenciais de parte do Sistema de Justiça, até hoje interrompidos, sem o menor escrúpulo ou sinal de efetivo arrependimento por parte dos autores dos fatos e de parte dos beneficiários. Pois, do arrependimento, espera-se a renuncia dos erros e a restituição dos prejuízos provocados.

O mais grave é que tudo isso ocorre não só com a conivência de parte das instituições de controle, mas, em alguma dimensão e de alguma forma, com a cumplicidade e concorrência na prática dos atos antidemocráticos e anti-republicanos citados.

Sei que os agentes públicos de bem, dentre eles, juízes, defensores e promotores públicos, concordam com essa visão crítica e realista também. Entretanto, seria muito bom que eles não permanecessem em silêncio, diante dos gritos e da empáfia dos maus.

Os maus, que enxergam no serviço público uma oportunidade de se dar bem, de se servir ao invés de servir, vão odiar essa visão. Porém, não escrevo para agradar. Escrevo para desabafar.

É angustiante e frustrante ver tanto dinheiro público sendo gasto de forma incongruente, enquanto tantas pessoas padecem sem ter seus direitos respeitados e realizados. Isso é lamentável. 

Por isso, estou convencido de que a única chance de superar esse estado de coisas depende da assunção da responsabilidade cívica e cidadã que todos nós, povo brasileiro, temos o poder/dever de exercer.

Temos que exigir, e não pedir, a ampla e irrestrita abertura para a participação da sociedade civil perante o Sistema de Justiça e toda Administração Pública.

Temos que exigir, e não pedir, a desinterdição dos direitos fundamentais previstos na Constituição Federal e Tratados Internacionais, como os de ser parte na Administração Pública, inclusive na elaboração dos respectivos Planos de Atuação Anual de cada Instituição; de ter acesso à prestação de contas públicas de todas instituições que administrem recursos públicos; de manter constante diálogo e interação com as instituições, por intermédio de mecanismos de participação popular, como Ouvidorias Externas, Orçamento Participativo etc..

Temos que exigir, sim, as eleições diretas em todo Sistema de Justiça, todavia, também com participação popular direta, e não indireta.

Diferente disso, apenas a revolução e a reconstrução não só das bases do Estado, e, sim, de toda sociedade, nos levará à algum lugar que não seja à precipitação no abismo criado pela nossa conduta de covarde servidão voluntária e reacionária condição de alienação humanitária.

E você, leitor/cidadão, o que pensa sobre o assunto?

PAULO LEMOS é advogado e Ouvidor da Defensoria Pública de Mato Grosso





Postar um novo comentário





Comentários

Comente esta notícia








Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet