O processo de mudança, tão propalado pelo governador Pedro Taques (PDT), parece ganhar forças em alguns setores específicos, como: direcionamento de repasses, para os setores prioritários como, saúde, algum investimento no transporte, pequenos investimentos em segurança pública. Agora, no tocante à educação pública, parece que trocaram literalmente seis por meia dúzia, tamanha incapacidade dos gestores em criar algo novo, algum tipo de mudança, que realmente, pudesse melhorar a educação em nosso Estado. Não satisfeitos, entraram em um processo de enxugamento inócuo, com reduções drásticas de salas de aula, como aconteceu na Escola Estadual Presidente Medicí. Segundo a fala do professor Erásio César, presidente do CDCE, o estrago só não foi maior, não fosse, a manifestação popular ocorrida na última terça-feira, envolvendo alunos, professores e comunidade escolar. A proposta da (Seduc) era de fechar 7 turmas; em função do manifesto e, empenho de seguimentos organizados, fecharam apenas 4.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais PCNs, começaram a ser elaborados em 1995, e foram, concluídos em 1997, na época da sua elaboração o presidente da República era Fernando Henrique Cardoso, já se passaram 18 anos e, tudo continua como antes no quartel de Abrantes.
É claro que cada instituição deve montar o seu Projeto Político Pedagógico, sua proposta pedagógica, adaptando esses conteúdos à realidade social da localidade onde está inserida.
Em sua abordagem, os parâmetros curriculares nacionais definem que os currículos e conteúdos não podem ser trabalhados apenas como transmissão de conhecimentos, mas que as práticas docentes devem caminhar o aluno rumo à aprendizagem.
Infelizmente vivemos em um país de tecnocratas, que estão em seus confortáveis gabinetes, comandando seus subordinados, como se estes conhecessem de fato, os reais acontecimentos, que envolvem o sistema educacional em nosso país, na maioria das vezes copiando modelos, obsoletos em desuso em países ditos desenvolvidos, sem entender realmente a dinâmica das coisas.
Tais modelos subjugam os verdadeiros conhecedores dos problemas que envolvem o sistema educacional, os professores, que militam nessa área, anos a fio e, tem seus direitos cercados, pela falta de oportunidade, de poder opinar, por qual modelo de ensino que os agradem.
Será que a redução de 4 salas de aula irá equacionar o problema da educação? Quando todos nós sabemos, que o problema é institucional, que a falta de políticas públicas, atreladas a modelos obsoletos de educação que perduram anos a fio, se constitui como, verdadeiro câncer para o sistema educacional.
Com essa parafernália de documentos pré-estabelecidos, institui-se a Escola Ciclada em Mato Grosso, que tem como premissa básica, a política de progressão continuada, visando com isso atacar os altos índices de evasão e repetência.
Na verdade acabaram criando um verdadeiro monstro na educação, não que o modelo não seja eficaz, é que, nossos alunos, não estavam preparados para esse modelo de educação, em função da maioria deles, ser oriundo de famílias, que em sua grande maioria são desestruturadas e desajustadas. Esta informação acabou chegando aos alunos, que tendo ciência de tal situação, preferem nem abrir seus cadernos e material didático, pois sabem que não serão reprovados ou retidos no ensino fundamental.
Mais do que isso, este altruísmo imposto pelo sistema educacional, com esse modelo de Escola Ciclada, acabou na verdade ajudando, aumentar a violência nas escolas, em função do poderio de fogo e, da grande atribuição de poder, a aqueles alunos de má índole, que vão as unidades escolares, apenas para bagunçar e acontecer; tratando os professores como desrespeito, isso quando não os agridem fisicamente, ou atentam contra suas vidas.
Belíssima atitude do presidente do CDCE, da Escola Estadual Presidente Médici, professor Erásio César, que conseguiu mobilizar alunos, professores e comunidade escolar, no sentido de mostrar aos nossos governantes, que não basta apenas reduzir turmas, e sim, ofertar aos professores salários dignos, melhores condições de trabalho, meritocracia, além de formação continuada de professores: capacitação, reciclagem, treinamento e por ai vai.
Hoje, as Unidades Escolares do Estado, estão paralisadas; qual será o motivo?
Pare o mundo, quero descer!
Professor Licio Antonio Malheiros é geógrafo ([email protected])