Relatório da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor) revela “intimidade” entre o vereador Sargento Joelson (PSB) e o João Jorge Souza Catalan “representante oficial" da HB20 Construções, no escândalo de propina na Câmara de Cuiabá. O documento também confirma que o prefeito Abilio Brunini (PL), à época deputado federal, foi quem enviou à Polícia Civil arquivos suspeitos indicando supostos pagamentos por parte de vereadores do Parlamento Municipal.

O ‘escândalo’ veio à tona nesta semana, com a Deflagração Perfídia, tendo como alvos os vereadores Chico 2000 (PL) e Sargento Joelson. Segundo o inquérito policial, ao qual o FOLHAMAX teve acesso, Abilio afirmou ter recebido, por WhatsApp, arquivos de áudio, conversas e comprovantes de transferências via PIX que totalizariam R$ 150 mil.

As conversas, reportadas por Brunini, partiram de João Jorge Souza Catalan “representante oficial" da HB20 Construções, e responsável por pagar a propina. Segundo explicado por João Jorge, os pagamentos se deram em razão da aprovação pela Câmara de Vereadores de uma tal “certidão” para liberar o Município de Cuiabá a pagar dívidas.

O relatório aponta ainda uma relação de “intimidade” entre o vereador e Catalan, com felicitações de Natal. “Feliz natal, vereador. Que Deus abençoe. Muita prosperidade na sua família na sua vida. Muitas bênçãos, e que esse renascimento de Jesus traga muita felicidade pra sua família, teus amigos e familiares. Um abração, fica com Deus”, deseja. 

Em outro momento, Joelson cobra de Catalan para arrumar um trecho no Contorno Leste que estaria prejudicando um grupo de pessoal que pratica pedal na região. “Jorge, você por alguém pra consertar lá, pede pra alguém filmar pow, e me mandar aqui, porque eu sou desses grupos de pedal aí cara, e tá tudo os cara reclamando, cara. Você me manda aqui que eu mando lá dizendo que consertou, cara. Quase três mil ciclistas têm rodado em Cuiabá quase todo dia a noite, cara”, diz.

Em outro áudio, o próprio vereador Joelson faria referência a um "débito" com ele e com a Câmara Municipal, conforme registrado nas mídias encaminhadas pelo parlamentar à polícia. O delegado titular Henrique Trevizan destacou no documento que a gravidade das acusações exigia investigações imediatas.

“Considerando que, a despeito da gravidade dos supostos fatos relatadas, os elementos de informação coligidos não gozam, por si sós, ao menos por ora, de confiabilidade de fonte e certificação de veracidade suficientes para configuração de justa causa que leve a instauração de Inquérito Policial”, diz trecho.