O governador Mauro Mendes (União) subiu o tom na disputa política que protagoniza ao lado do prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), e “propôs” que a Prefeitura da Capital de Mato Grosso passe por uma “intervenção” do Poder Executivo Estadual. Mauro Mendes esteve em Cuiabá na tarde desta quinta-feira (25) participando de um evento para assinatura de convênios de obras com prefeituras do interior, além da entrega de equipamentos eletrônicos em escolas estaduais.

Durante o evento, o governador concedeu entrevista a jornalistas e comentou sobre os problemas na saúde enfrentados pelas unidades municipais de saúde da Capital, defendendo uma “atitude drástica”, justificando que o setor “piorou violentamente”.

A pasta já sofreu uma intervenção do Poder Executivo Estadual na maior parte do ano de 2023 por determinação da justiça, que se encerrou no dia 1º de janeiro de 2024. “Foi feita uma intervenção. Cuiabá, os Poderes, todos reconheceram que a saúde melhorou. Quatro meses depois, a saúde piorou violentamente. O que fazer? Deixar a população sofrer ou tomar uma decisão mais drástica?”, indagou o governador.

Questionado sobre qual seria a “atitude mais drástica”, Mauro Mendes “passou a visão”, dizendo que a própria prefeitura de Cuiabá deveria sofrer uma intervenção do Poder Executivo Estadual. O governador também descartou a “estadualização” do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC), além do Hospital São Benedito, ambos geridos pela prefeitura da Capital.

“[Defendo] Uma intervenção na própria prefeitura, já que está se mostrando ineficiente, incapaz de gerir a saúde. Estadualizar o HMC e o São Benedito está fora de questão. Agora, se eles quiserem uma intervenção na prefeitura, para tirar essa conversa de vez, eu topo”, propôs Mauro Mendes.

A recusa em “estadualizar” unidades municipais de saúde de Cuiabá, como o HMC, representa uma derrota ao presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE/MT), Sérgio Ricardo, que sugeriu a medida diretamente a Mauro Mendes. A Corte de Contas - ao lado do Ministério Público do Estado (MPMT), e também o Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) -, foram “parceiros” do governador na empreitada pela intervenção na secretaria de saúde da Capital.

Informações da própria Prefeitura de Cuiabá apontam que o déficit na saúde municipal, até o mês de fevereiro de 2024, era de R$ 546 milhões. Na prática, uma intervenção na prefeitura tira o poder de decisões não só do prefeito Emanuel Pinheiro, como de todo o secretariado, fazendo com que o Palácio Alencastro, sede do Poder Executivo da Capital Mato-Grossense, virasse um "puxadinho" do Palácio Paiaguás - seu equivalente no Governo do Estado.