O skate, desde que foi introduzido como modalidade olímpica, vem conquistando o coração dos brasileiros. O sucesso nacional nas competições e o carisma e talento de nomes como Rayssa Leal e Letícia Bufoni inspiram cada vez mais jovens a praticarem o esporte.
Uma delas é Sarah Cruz, 18, que apesar de ter nascido em São Paulo, mora em Cuiabá desde os 6 anos. Ela começou a andar de skate no fim de 2022, depois das Olimpíadas de Tóquio, em 2020, a primeira que teve a modalidade na competição. Contudo, a relação de Sarah com o esporte vem de berço.
Ela vem de uma família de skatistas. O pai, Marcos Cruz, 47, e a mãe, Viviane Cruz, 45, se conheceram numa pista de skate em São Paulo. Os irmãos, Kauan, 27, e Isaque, 25, ganharam o primeiro skate com 2 anos e chegaram a participar de competições. Sarah, porém, nunca esteve muito interessada. Preferia andar de patins, atividade que realizava sempre com a mãe.
Mas quando Viviane largou os patins, Sarah se viu sozinha, distante da tradição que unia a família. Com 15 anos, ela pediu um skate para o pai e desde então nunca mais o largou.
A evolução dela foi rápida. No segundo torneio que participou, ficou em 4º lugar. No terceiro, já conquistou o topo mais alto do pódio. Atualmente, ela é tricampeã mato-grossense e vem conseguindo resultados expressivos nas competições nacionais, como o 11º lugar no brasileiro de 2024.
“Eu fui pegando interesse, fui evoluindo, participei do meu primeiro campeonato em dezembro, ainda de 2022. Não peguei uma colocação boa, mas eu gostei de participar desse jeito”, lembrou.
A modalidade que ela pratica é o Skate Street, a mesma de Rayssa Leal, que tenta emular elementos da rua, como corrimãos, escadas, bancos, etc. “As inspirações que eu tenho do skate feminino, a maioria das meninas andam no skate street, como a Rayssa”, contou Sarah.
Em Cuiabá, a cena do skate vem crescendo a passos largos, segundo Sarah. O número de skatistas - especialmente mulheres - e de pistas de skate não para de crescer.
“Aqui em Cuiabá, a cena há 1, 2 anos atrás era bem complicada, porque não tinha muitas pistas e a pista boa que tinha ficava numa cobertura na Arena Pantanal, mas a gente precisou desapegar do local. Então, por uns 4, 5 meses ficamos sem pistas decentes para treinar”, explicou.
Ela conta que, muitas vezes, precisava viajar com antecedência para treinar em outras pistas nos campeonatos de maior importância.
A Arena Skate Plaza, construída neste mês de março no Complexo Arena Pantanal, resolve esse problema, de acordo com Sarah. A skatista ainda afirmou que a presença feminina se faz cada vez mais presente nas pistas de Cuiabá, em um esporte que, por muito tempo, foi visto como um ambiente predominantemente masculino.
“Eu fico muito feliz de estar na pista e ver bastante crianças e até meninas mais velhas iniciando no skate. Quando eu era mais nova, eu não via direito as mulheres no rolê aqui em Cuiabá. E quando eu estava ali nos meus 14, 15 anos, eu via as meninas começando e então pensei: 'pô, se eu começar, eu vou ter amigas também no skate, não só homens”, pontuou.
“Hoje em dia, com esse coletivo de mulheres começando e andando, está ficando bem legal a cena feminina”, celebrou.