Mundo Sexta-Feira, 23 de Maio de 2025, 22h:00 | Atualizado:

Sexta-Feira, 23 de Maio de 2025, 22h:00 | Atualizado:

MALANDRAGEM

Venezuelano foge do Brasil e deixa sósia com tornozeleira

Aliado da facção Tren de Aragua, Juan Gabriel Rivas Nunes estava em prisão domiciliar

O GLOBO

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

VENEZUELANO-TORNOZELEIRA.jpg

 

Assim que teve o pedido de extradição aceito pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o criminoso venezuelano Juan Gabriel Rivas Nunez, na ocasião em prisão domiciliar no Brasil, retirou sua tornozeleira eletrônica e fugiu de sua casa em Boa Vista, um sobrado com muros de mármore branco e um notável aparato de segurança em um bairro nobre da capital de Roraima. Para despistar as autoridades, Juancho deixou uma espécie de sósia em seu lugar — um homem negro, corpulento e com cerca de 1,75 de altura, parecido com ele — usando o mesmo equipamento no tornozelo.

Conhecido como El negro Juancho, Nunez se autodenomina "pran" de Las Claritas, um pequeno lugarejo no município de Sifontes, no estado de Bolívar, parte de uma vasta região separada há quase uma década pelo presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para grandes operações de mineração. Em vez de empresas mineradoras multinacionais, o local é controlado por grupos ilegais armados chamados "pranatos".

Em Las Claritas, Juancho é um dos líderes absolutos. Pela imposição do medo e de duras penas, controla as operações de extração ilegal de minérios, incluindo a cobrança de taxas dos comerciantes e mineradores. Gerencia ainda todo o comércio ilegal, incluindo tráfico de armas e drogas. Colombiano de nascimento, tem boas conexões com as forças de segurança e a proteção da polícia local, segundo investigações. Possui cidadania venezuelana e documentos de identidade em pelo menos dois nomes diferentes.

Segundo a Polícia Civil de Roraima, Juancho é aliado da facção venezuelana Tren de Aragua, a única da América Latina a ser classificada como “organização terrorista estrangeira” em um decreto assinado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, logo após a sua posse, em 20 de janeiro. O governo americano ofereceu até US$ 5 milhões pela prisão de seus líderes.

Segundo o Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público de Roraima, a Tren de Aragua nasceu no presídio de Tocorón, na Venezuela, e se consolidou de dentro para fora da prisão. Uniu-se à paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) para expandir e dominar rotas de tráfico de drogas e armas no Brasil. E, mais recentemente, firmou alianças com a fluminense Comando Vermelho visando a exploração do garimpo ilegal.

Hoje é uma organização transnacional, com presença também nos Estados Unidos, Chile, Equador, Colômbia, Peru e Bolívia. Segundo o delegado Wesley Costa de Oliveira, da Delegacia de Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil de Roraima, Juancho faz escolta armada para as cargas de drogas e, principalmente, de armas enviadas da Venezuela pela Tren de Aragua ao Brasil.

— O Juancho controla uma região na Venezuela, por onde não pode passar sem as bênçãos deles. Além disso, ele compartilha com a Tren de Aragua os mesmos canais de lavagem de dinheiro do ouro vindo de lá. Os operadores financeiros que esquentam o ouro no Brasil são os mesmos — afirma Oliveira.

Covid-19

Juancho é procurado pelos crimes de contrabando agravado e tráfico de materiais estratégicos. A justiça venezuelana pediu sua prisão em 5 de junho de 2018, e seu nome foi para a difusão vermelha da Interpol. Em novembro de 2023, ele foi preso no Brasil, e teve início seu processo de extradição. Em abril deste ano, o ministro Nunes Marques, do STF, deferiu o pedido feito pela Venezuela, onde Juancho responde a um processo penal por ter extraído cerca de cem quilogramas de ouro, avaliados em US$ 6 milhões, de minas localizadas no estado de Bolívar.

Não se sabe ao certo quando Juancho escapou da determinação. A fuga digna de cinema, contudo, foi descoberta no último dia 12. Diante de uma ampliação no programa de tornozeleiras do governo de Roraima, os presos em prisão domiciliar no estado foram convocados a comparecer na central de monitoração eletrônica para trocar o equipamento. Juancho informou, via advogados, que estava com Covid-19 e não poderia ir presencialmente. Uma equipe de policiais penais se deslocou até sua mansão em Boa Vista para fazer a troca, e foi recebida por um homem de máscara com as mesmas características do criminoso.

Os policiais trocaram a tornozeleira, fotografaram o novo aparelho e o apenado e voltaram para a base. Chegando lá, um deles desconfiou da falcatrua e comparou a imagem com outra foto, essa do Juancho verdadeiro. Descobriu, então, que o homem com a tornozeleira não era ele. No mesmo dia, a equipe convocou reforço do departamento de captura e voltou até a casa. Estava vazia. Tanto Juancho quanto o sócio estão foragidos.

Entre os investigadores, circula a informação não confirmada de que Juancho retornou ao seu reduto do crime, Las Claritas. O "pran" teria sido recebido com uma festança na mina venezuelana.

Procurados, os três advogados brasileiros que fazem a defesa de Juancho não atenderam. Questionada sobre por que a extradição não foi executada, a Polícia Federal afirma que “não compartilha informações dessa natureza”.





Postar um novo comentário





Comentários

Comente esta notícia








Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet