Opinião Terça-Feira, 29 de Julho de 2025, 14h:42 | Atualizado:

Terça-Feira, 29 de Julho de 2025, 14h:42 | Atualizado:

Luís Köhler

O silêncio do farmacêutico também é um posicionamento — e pode custar caro!

 

Luís Köhler

Compartilhar

WhatsApp Facebook google plus

Luis Kohler

 

A participação política dos profissionais da saúde, especialmente dos farmacêuticos, ainda se restringe, em muitos casos, à formalidade do voto. No entanto, as decisões que impactam profundamente a profissão — desde o reconhecimento técnico até as condições de trabalho — são tomadas todos os dias, nos bastidores, com ou sem a presença da categoria. E a ausência, nesse contexto, não é neutra.

Ficar em silêncio também é uma escolha — e talvez a mais arriscada.

Vivemos uma era em que a manifestação digital pode iludir, oferecendo a falsa sensação de engajamento. Curtir, compartilhar, comentar… tudo isso parece participação. Mas, enquanto nos perdemos no barulho das redes sociais, os rumos da profissão continuam sendo definidos por poucos — e nem sempre por quem representa, de fato, os interesses dos farmacêuticos.

E é aí que mora o verdadeiro perigo.

A atuação política da categoria não pode se resumir a um gesto simbólico de dois em dois anos. As escolhas que moldam o futuro da profissão — o reconhecimento técnico, o acesso da população a medicamentos, a presença do farmacêutico na atenção básica, o piso salarial — são construídas no dia a dia, por meio de articulação, mobilização e presença.

Quando optamos pelo silêncio diante de retrocessos, ataques à ciência ou decisões que excluem os farmacêuticos das políticas públicas, estamos, ainda que involuntariamente, tomando um lado. A omissão não é imparcial. Ela entrega o poder de decisão a outros — muitas vezes, a quem não conhece a realidade da farmácia, do hospital, do laboratório ou da vigilância sanitária.

Ser farmacêutico é, por essência, um ato político. Defender condições dignas de trabalho, reconhecimento técnico e uma saúde pública de qualidade é, sim, fazer política. E isso exige mais do que indignação: exige presença ativa.

Presença para escutar, refletir, dialogar com respeito, identificar manipulações, agir com ética — e, principalmente, para se posicionar. Cada vez que nos calamos diante de algo que nos impacta diretamente, abrimos espaço para que o retrocesso avance.

A história já nos ensinou: muitos dos piores ciclos foram antecedidos por silêncios coniventes.

Por isso, mais do que nunca, é preciso lembrar:

Ficar em silêncio também é uma escolha.

Mas nem sempre é a escolha certa.

Luís Köhler é farmacêutico, Especialista em Farmacologia e Farmácia Clínica, possui MBAs em Inovação e Empreendedorismo e Liderança e Coach na Gestão de Pessoas. É especialista em Gestão Regulatória de Farmácias e Drogarias e Presidente da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Farmácias Comunitárias (SBFFC-MT).





Postar um novo comentário





Comentários

Comente esta notícia








Copyright © 2018 Folhamax - Mais que Notícias, Fatos - Telefone: (65) 3028-6068 - Todos os direitos reservados.
Logo Trinix Internet