Abílio chama procurador de militante e sugere por mendigos na casa dele em Cuiabá

 

Após ser acusado pelo procurador de Justiça, José Antônio Borges, do Ministério Público Estadual por promover aporofobia (aversão aos pobres) em peça publicitária exibida no horário eleitoral gratuito, o candidato a prefeito de Cuiabá,  Abilio Brunini (PL), chamou o ex-chefe do MPE de ser "militante" e o acusou de tentar atrapalhar a eleição municipal. 

Na propaganda eleitoral de Abilio que circulou nesta semana, ele conversa com dois homens em situação de rua, no Beco do Candeeiro, no Centro Histórico de Cuiabá. Ele sugere, caso eleito, fornecer passagem para tirá-los de lá e mandá-los para onde quiserem ir.

Para Borges, a 'proposta' fere um entendimento firmado do Supremo Tribunal Federal (STF) que determina que estados e municípios efetivem medidas para assegurar os direitos da população em situação de rua. Abilio, em rodada de entrevistas do Grupo Gazeta de Comunicação, nesta sexta-feira (27), o acusou de militância e disse que o procurador só estaria fazendo isso para se aparecer, tendo em vista que é candidato para ser o próximo chefe do MP.

"Essa é a interpretação do José Antônio Borges que é candidato para ser de novo procurador do MP. É bom lembrar que todo período de eleição ele aparece com uma dessas e agora não é diferente, parece um militante político dentro de um processo eleitoral querendo atrapalhar e criando narrativas para que os adversários dos candidatos da direita possam usufrir", acusou o bolsonarista em entrevista ao programa A Notícia de Frente. 

Brunini ainda lembrou da penalização que Borges sofreu enquanto comandava o órgão. O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) o censurou por ele ter criticado o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu discurso de posse na recondução ao cargo de chefe do MP, durante a pandemia de Covid-19 em 2021. Em julho de 2022, Borges disse que Bolsonaro era insensível, desumano, inconsequente, terraplanista, que desprezou a ciência e jogou a população contra governadores e prefeitos. 

"Em 2022 ele fez a mesma coisa com Bolsonaro e foi parar no CNJ, que teve ação investigando ele. Quando foi procurador, o sindicato dos servidores apontou ele como um péssimo gestor, com contratação de pessoal em cargos de comissão superior ao de concurso. Ele está fazendo isso porque está se posicionando como candidato", disparou.

Ainda na rodada de entrevistas, desta vez no programa Tribuna, da Vila Real FM, Brunini reiterou suas críticas e sugeriu levar as pessoas em situação de rua à  residência do procurador. "O Beco do Candeeiro não é um lugar só de morador de rua, tem servidor da assembleia consumindo droga lá também e que às vezes dorme no Beco com as drogas por até 3 dias, tem advogados, outros profissionais, todo o tipo de gente lá", denunciou.