O prefeito de Cuiabá, Abilio Brunini (PL), afirmou, na manhã desta terça-feira (29), que a capital mato-grossense deve sentir os “efeitos colaterais” da taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos contra produtos brasileiros, em especial a carne bovina. O presidente americano, Donald Trump usou como justificativa para a medida supostas censuras a redes sociais nos EUA e perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.
A medida entra em vigor a partir desta sexta-feira (1º de agosto) e, segundo o gestor, pode afetar diretamente a arrecadação municipal e a movimentação econômica local.
“Os impactos podem acontecer no nosso município, principalmente os impactos ocasionados por causa da carne. A exportação de carne é um produto que acontece bastante tanto do Brasil para os Estados Unidos quanto para outros países. E a nossa preocupação é o efeito colateral... A nossa cidade, ela tem a maior densidade populacional, mas ela é muito dependente dos recursos que vem do agro, porque a nossa cidade é uma cidade vocacionada a serviço e esse serviço presta para todo o interior do estado de Mato Grosso”, alegou o prefeito.
“Todo o dinheiro do agro é o que vem para o governo do Estado, é o que vem para o município, é o dinheiro do agro que ajuda a comprar o uniforme que é doado de graça nas escolas, o material escolar que é de graça nas escolas, é o dinheiro do agro, dos impostos, da movimentação econômica do nosso município, que faz com que a gente tenha tantas coisas positivas para a sociedade”, exemplificou o prefeito.
A declaração foi dada durante conversa com jornalistas em frente ao Palácio Alencastro, sede da prefeitura, quando Abilio foi questionado sobre os impactos econômicos da medida adotada pelo governo norte-americano e as ações de governadores para abrir novos mercados.
Conforme noticiou o jornal A Gazeta, as exportações de carne bovina de Mato Grosso para os Estados Unidos despencaram quase 73% entre abril e junho deste ano, com queda de US$ 27,2 milhões para apenas US$ 7,4 milhões, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). O número já antecipa os efeitos da retaliação, mesmo antes da entrada em vigor da nova tarifa.
Ainda segundo os dados oficiais, a comercialização brasileira total para os EUA recuou 67% no mesmo período, passando de US$ 229,4 milhões para apenas US$ 75,3 milhões. O setor já sente os reflexos do clima de incerteza e começa a buscar novos destinos para a produção, como alternativa à perda do mercado norte-americano.
Apesar de não ser uma produtora direta de commodities agropecuárias, Abilio se mostrou preocupado com a possibilidade de o tarifaço desencadear uma reação em cadeia no comércio internacional.
“Os Estados Unidos aplicaram 50% de taxação. Agora a Venezuela aplicou 77%. Eu percebo que isso pode acabar acontecendo com outros países também. Está havendo uma escalada global contra o Brasil no sentido da geopolítica. O Brasil não está conseguindo fazer nenhum pacto de relacionamento com nenhum país”, criticou.
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Terça-Feira, 29 de Julho de 2025, 15h06